O dia em que esqueci.

Para todas as mulheres que vivem com a ideia de se desapaixonarem por aquilo que estão apaixonadas.

Tenho pensado nestes últimos dias, sobre aquilo que devo ou não escrever, visto que tenho tanta coisa por onde quero puxar, que acabo afogada nas minhas próprias palavras. É quase que uma maldição para todos aqueles que nasceram e sem saberem, já são escritores. Os dias em que temos tanto para dizer mas sabemos que há certas coisas que devem ficar para nós, e os dias em que de tanto que temos para dizer, não sai nada. Eu vou tendo dias, mas como criei o meu blog não com a ideia de estampar a felicidade que senti em tempos na cara das pessoas, mas sim por saber que iria haver um dia em que ia tombar, quis mostrar a mim mesma e a todos os outros, que não há queda que se atravesse na nossa vida que não seja possível se levantar. E que não há nada que não acabe, que não dê lugar a outra coisa melhor começar.

Eu não tenho a certeza do dia em que esqueci o meu ex-namorado, mas agora que penso e consigo racionalmente falar sobre isso, sei que foi à mais tempo do que pensei. Acontece com todas as pessoas que pensam estar apaixonadas, e é a isso que hoje dedico o meu tempo de escrita, sem parar, e com vontade nem que seja, de abrir os olhos a uma rapariga qualquer, que se encontre na mesma posição que eu me encontrava à uns bons meses atrás.

A realidade, é que se em qualquer tipo de relação houve um único dia em que pensámos que nem o nosso corpo nem a nossa alma ali pertencia, então acreditem em mim quando vos digo que isso é um "vislumbre" para o futuro que se aproxima. Pensei muitas vezes para mim mesma, que a minha relação não tinha sentido. Há de ter sentido para outro alguém. Há de haver outra pessoa que se apaixone por motivos completamente diferentes, e de certa forma, se deixe ficar num sítio em que eu não tive devagar em sair. 

Mas isso, tudo junto, faz as experiências e a bagagem necessária para algum dia, termos a relação que idealizámos.Não se deixem ficar com alguém só pelo motivo de terem medo de ficarem sozinhas. Eu tive acompanhada tanto tempo, e havia dias em que me sentia mais sozinha do que certas amigas solteiras minhas. Eu sei que marquei a vida de alguém, de outras pessoas, e no fim, não devemos ter vergonha disso.

O meu texto "Adeus amor" tem ferido algumas susceptibilidades. Não as que eu supunha que ferisse, o meu pai está bem e a minha mãe também, e o rapaz que penso um dia vir-me a apaixonar não fala nem se importa com isso, tenho a certeza. Pelo simples facto que, para na realidade nos desapaixonarmos daquilo que um dia estivemos apaixonadas, não é preciso arranjar alguém substituto. 

É péssimo fazer isso. Não substituam. Não magoem outra pessoa. E principalmente, apliquem provérbios populares a vocês mesmos , há uns que fazem sentido. Eu sempre disse, que a grande diferença entre homens e mulheres, é que enquanto um homem faz-se de forte e se pavoneia com qualquer rapariga que lhe apareça à frente, com a intenção de lamber as feridas e esquecer-se do cheiro da mulher que realmente o fez chorar, as mulheres quando tomam a decisão de dar a mão a alguém ou beijar outra pessoa em público, é porque se estão a apaixonar. E aí temos a clara desvantagem em relação aos homens. Como sabemos nós, mulheres, quando nos voltamos a rea-proximar de um homem e a cair na tentação de adormecer no peito dele, que não estamos a ser a substituta de outro alguém? Que não houve uma mulher antes de nós, tal e qual como eu escrevo e eu digo, que o fez chorar tanto que agora, é um tanto faz? Como podemos nós, voltar a confiar em alguém, sabendo que um dia demos tudo para alguém que no fim, deu-nos um pontapé no rabo e motivos para desconfiar de alguém que nos diz gostar de nós?

Uma dica, não é pelas mensagens que manda ao dia, não é pelo facebook, e definitivamente o querer assumir uma relação pelas redes sociais não ajuda em nada. 

O segredo é, tudo aquilo que ele faça sem ter a necessidade de expor cá para fora, é aquilo que podem levar de garantia. A vontade de vos beijar de manhã, de fazer amor com vocês, de ligar nem que seja para dizer que está bem, ou de mostrar que sabe conversar seja qual for a situação.

Apaixonem-se quando for a sério, mas apaixonem-se por alguém que não tenha medo de se apaixonar. Não troquem certezas por dúvidas. Escolham uma só pessoa, se ela vos decepcionar, então bola para a frente, que se não houver em Faro, há no outro lado do mundo. O medo estraga tudo, mas a confiança demais mete uma relação sem sal. Seja ela qual for. Eu tive a certeza que me esqueci de tudo aquilo que tinha para trás de mim, quando me esqueci da pessoa que fui. E esquecer-nos a nós próprios é complicado, é quase como que um raspanete de nós para nós, e não há ninguém neste mundo que nos magoe mais a decepcionar-nos, que nós próprios. Mas grandes feridas e grandes arrependimentos, dão lugar a grandes histórias e grandes amores. 

Logo, não tenham medo de errar.

Vivam como os jovens devem viver, concentrem-se não em relações, mas nas relações que têm à vossa volta. O amor da nossa vida, aparece do nada, amamos do nada, e ficamos com ele do nada também. Há coisas que não se explicam, e todas aquelas que temos que explicar muito e justificar, então acreditem, vindo de alguém que já o fez, não está destinado a ser.

Beijo, uma boa-semana. Não desperdicem um dia.