Amar um Cabrão.

Gosto de receber elogios sobre o que escrevo, e que me digam que qualquer que seja o tema, o relacionamento, os motivos, tudo se encaixa em tudo. Ou seja, amar um Cabrão, ou amar um Jeitoso, as estradas acabam por se juntar e as razões de separações são óbvias e as mesmas. Por isso mesmo, por ouvirmos, nós mulheres, as milhares de razões porque um relacionamento acaba, seja por as nossas amigas, por fontes não fiáveis, por as ex-namoradas dos nossos ex-namorados (que incrivelmente têm os mesmos motivos que nós) ou por séries televisivas como o "Sexo e a Cidade", não seria de esperar que por esta altura, 2013 anos contado para a frente na História, depois de milhares de romances fracassados, guerras em prole do amor, cabeças cortadas por traições, forca para aqueles que morreram de amores e cometeram loucuras, Reis que traíram as suas rainhas, Rainhas que eram apaixonadas por outros que não os seus Reis...era de esperar que as coisas estivessem mais calmas.
Mas não. As guerras de antigamente encarnaram no facebook e na necessidade de expor uma relação para que todos compreendam que somos de alguém, com medo e receio de o deixarmos de ser, as traições de Reis e Rainhas por amor, tornaram-se nas noites cheias de álcool, longe de tudo e em que nada se sabe. Tirando se fores eu, que desde pequena, tenho um jeito fora do normal para descobrir mentiras contadas pelas expressões faciais, ou então por saber as passwords dos demónios de hoje em dia, as redes sociais, os telemóveis, os ipads , ou até a combinação de uma caixa qualquer.
Amar um Cabrão. Todas as partidas e contrapartidas que pode ter, prepara-nos para imensos episódios que me passam pela cabeça neste preciso momento. A minha definição de Cabrão não é aquele que sai para a baixa de Faro, para Lisboa, ou até vai sair para fora do País e trai a namorada com tudo o que se mexe. A isso meninas, chama-se imbecis. Deixem-nos, vão ver que daqui a uns anos ele passa de mão dada com uma cabra pior que ele, que lhe deu a volta e lhe plantou na testa o dobro do que distribuiu. O karma tem dessas coisas.
Um Cabrão, um verdadeiro cabrão, é bonito. Sabe falar, sabe escrever, sabe enganar, sabe recitar poesia para os ouvidos das mulheres, e é desta linhagem e descendência incrível, de bons modos comportamentais, uma figura quase perfeita, e um jeito peculiar na cama, que nascem a segunda linhagem. As doidas, cegas, compulsivas e idiotas. Muitas de nós já nos encaixámos nesse grupo, e senão, costumamos falar delas, dizemos que não compreendemos, que não é normal, e que o cabrão em questão deve ter uma "grande paciência" para se submeter a tais comportamentos. Até nós, de fora, somos seduzidas pelo toque e maneira de falar dele.
O verdadeiro truque para deixar de vez alguém tão fascinante, é entrar numa terapia profunda de compreender que mais vale por vezes estarmos mal, mas sozinhas. Compreendermos-nos a nós próprias, e aos poucos, apaixonar-nos por nós.
Garanto-vos, que quando acabar esse processo moroso, complicado, em que não nos reconhecemos ao espelho, em que perdemos brilho e postura, há alguma coisa que cresce em nós. Não um corno, ou dois ou três, mas um orgulho fora do normal, um nariz empinado, e uma técnica incrível para descobrir o futuro homem certo.
Daqui, nasce a terceira linhagem, as cabras. Cabras no bom sentido, as mulheres do Séc XXI, que depois de mancharem as fronhas todas que têm com rimel caro, terem mudado as pilhas aos vibradores algumas vezes, confiam nelas próprias, arranjam-se, metem saltos altos, pestanas falsas, batôns discretos e espampanantes, lingeries sexys com cores de Verão,vão sair para a rua, só para terem o prazer de as verem, voltam sozinhas para casa, e sentem-se o tão chamado "Homem da relação".
Relação que têm com elas próprias, e com o homem do futuro, que por esta altura anda a ser Cabrão com alguma, ou a ser submetido a exames e torturas psicológicas por parte de uma Feminista.
O que tem de ser, acontece.  Por mais voltas que demos na tumba, cada um de nós nasceu para ficar com alguém. Com um magro, um alto, um gordo, um baixinho, um romântico incurável, um maníaco, um cabrão cheio de estilo, um cabrão que deixa de ser estilo aos 30 e passa por irreconhecível na rua, um surfista, um melhor amigo, dois amigos, um homem que sabe sorrir, ou um que sabe falar.
Amar um cabrão ensina-nos a ser um também. Não há melhor forma de pescar um peixe do que ser um peixe.
Como descobrir quem está deitado ao nosso lado.. Não precisamos de roubar o telemóvel e ir a correr para a casa de banho enquanto ele dorme. Eu sempre fui fã de ver o telemóvel dos meus namorados, e cheguei à conclusão, que quem quer fazer mal faz. Não precisa de telemóveis, nem códigos de segurança, precisa só de dois dedos de testa, más intenções, e uma menta perversa.
Nas dezenas de discussões que tive com as pessoas que já passaram na minha vida, nunca foi por terem feito alguma coisa em preciso, mas pelas intenções que estão por trás. Não tenham medo do homem que por beber fala com uma rapariga, tenham medo daquele que sóbrio tem intenções de o fazer.
Um verdadeiro Cabrão, o modelo criado pela linhagem de mulheres com baixa auto-estima que se apega a estes como se de ar se tratasse, se apaixona pelas mãos, pelo corpo, e pela imagem dele nu de costas a ir à casa-de-banho depois de nos prometer mundos e fundos na cama, ou no sofá (whatever) sabe comportar-se.
No principio da relação, que há de durar anos, sabe falar, sabe puxar uma cadeira, sabe abrir a porta do carro, sabe prometer-nos coisas que à partida sabe que não vai cumprir.
 É bonito, tem jeito para o desporto, tem um sorriso branco e alinhado, é nosso amigo. Olha para nós com um olho, e com o outro está aberto a possibilidades. Sabe dar a volta. Sabe dizer "Estás louca?" na altura certa.
Pensa na realidade que vai ficar connosco, e que um dia a vontade de ser cabrão lhe passa das veias. Mas não, é um código genético, está entranhado, tanto como ter olhos azuis ou castanhos, meter lentes de contactos não nos transforma, só muda por algum tempo.
Ninguém muda por ninguém, mas eles desempenham o papel de mudança incrivelmente bem. Portam-se bem, oferecem flores, quando dançam metem-nos no colo, carregam-nos dum lado para o outro, piscam-nos o olho como quem diz que vai ficar tudo bem. Metem inveja ás namoradas dos outros.
Como os reconhecemos?
Não os reconhecemos. Estão na forma de um estudante universitário com um sorriso bonito, um moreno tatuado que nos inspira confiança, ou um jogador de futebol que nos diz que se vai casar connosco.
Descobrimo-los com o tempo, com a experiência. Ensinam-nos mais do que imaginamos.
Matam-nos a nós, ao nosso coração , e ao nosso sorriso por algum tempo.
São assassinos profissionais de relações duradoiras e estáveis.
Amar um cabrão faz bem à alma, por mais que os odiemos e digamos que "ali não vou cair", que "não me vou apaixonar", ou que "vão ser só coisas de uma boa noite". No código genético das mulheres não existe estar por umas noites.
Nós tentamos ser os homens no pior que eles têm, mas a realidade é que somos dois seres humanos, muito distintos. Só há duas opções para uma mulher que queira ter um caso apenas carnal com um homem . Ou nos apaixonamos, ou ficamos com rancor e desprezo por quem partilhámos um pouco de nós, sem nós incluídas.
A solução é acreditar que o amor existe. E que depois de sermos transformadas duma linhagem obsessiva compulsiva e de cabelo despenteado, para as pindéricas de nariz empinado, que fazemos um Cabrão tornar-se apenas num galã.
Um galã que tem muita história para trás, muita mulher na cama dele, muitas histórias para contar, mas que de repente, sabe que tem alguém ao lado dele, que a confiança está de igual para igual.
Apaixonem-se. A única maneira de viver um amor pleno, é deixarmos ir quem nos magoou, e terem-nos partido o coração.

Boa semana.