Se eu amanhã morrer.

Se amanhã morrer, 
faz questão de levares parte de mim ao homem que gostei nos últimos dias,
 em que andei pela rua de olhos fechados.
A sentir a brisa de um tempo, 
que pareceu ter sido feito para nunca mais acabar.
 Fá-lo entender que fui mulher dona dos meus caminhos, 
e que por isso no dia em que for,
 a única pessoa que levo no coração é ele.
Lembra-lhe a fraca que foi a minha memória,
 em lembrar-me dos meus amores antigos, 
e que por isso mesmo, 
foi com ele que me enrolei a primeira e última vez.
Mostra-lhe, que mulheres como eu, nunca morrem de verdade.
Que estamos destinadas a mais uma data de vidas, 
para reencontrarmos amores falhados,
 e tentarmos ser melhores do que já fomos.
E que mesmo que já não andemos por aqui, 
há partes de nós em todo o lado.
Na praia, e nos muros que lá estão.
Na lua, e nos dias em que o sol já nem brilha assim tanto.
 Fá-lo saber que nos vamos encontrar mais uma vez.
Explica-lhe que escrevi o mundo em prole do amor que senti, 
e que isso nunca mais, 
ninguém,
 poderá matar ou quebrar.
Que as juras de amor e promessas, 
que trocámos em dias tão cheios para nós mesmos, 
ficaram em mais sítios do que no ar.
Que estão nas paredes da minha casa, 
nas paredes da minha cidade.
Que quando o sol se põe é de nós que fala, 
e que quando nasce,
 nasce com a esperança de voltar a ver um amor assim.
Que fizemos muito do nada que tinha sido depositado em nós, 
e que até os dias de chuva tivemos a capacidade de os tornar menos deprimentes.
Que nos molhámos nas promessas,
 e no quão curta a vida pode ter vindo a ser,
 mas se a vivemos, 
vivemos, 
e isso também já ninguém pode matar.
Lembra-lhe que o amor não é sentido por todos,
 e que quando a vida lhe cair em cima, 
eu ainda o amo.
 Diz-lhe que nesses dias,
eu sou o tempo.
O vento ou a trovoada,
o sol ou a neblina.
Mas que hei-de arranjar forma, 
de não se sentir sozinho.
Recorda-o que foi o único profeta que em mim viveu, 
a voz que eu nunca me importei de ouvir,
 a música em forma de gemido que me fez dormir sempre tão bem.
Que o céu, só o encontrei aqui e foi junto dele.
E que onde quer que esteja, as estrelas um dia tiraram por nós.
Num mundo tão cheio de milhões de pessoas, de amores desencontrados,
 nós cruzámo-nos, 
e conseguimos nesta confusão, 
arranjar espaço para amar.
Consegues-me ouvir nesta frase, 
tão simples mas tão bonita?
Nós arranjámos tempo, espaço, céu e terra, para nos amarmos.
Debaixo dos planetas e dentro da sopa,
que foram as nossas estrelas, 
Eu e Tu existimos.
Fomos um do outro, 
e mesmo que daqui a biliões de anos ninguém saiba da nossa história, 
se eu amanhã morrer, 
espero que saibas o quanto te amo.
E esse amor, não morre hoje, amanhã, ou daqui a uns anos.
Vive eternamente no dia em que nasceu.
E canta, 
canta alto, 
aos ouvidos daqueles, 
que pensaram que a imortalidade não era para os mortais como nós.



Comentários

  1. se morresses mesmo amanhã era uma estratégia de marketing muito boa ;) adorei

    ResponderEliminar
  2. Esta merda devia ser passada para uma curta metragem!Todos estes textos davam para o lado cinematográfico de uma forma BRUTALISSIMA!

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares