Tardes de Setembro.

Ser uma mulher é diferente de ser uma senhora, pelo menos é o que ouvimos nas conversas habituais de cafés, nos sermões que nos dão à cozinha, ou nos olhares que enfrentamos por vezes na rua de pessoas que não gostam assim tanto de nós.
Perguntaram-me aqui há uns tempos, eu não sou boa a definir tempo.. Se pudesse me descrever com apenas uma palavra, o que diria de mim mesma.
Nós conhecemos-nos a nós mesmos melhores que ninguém. Essa lenga-lenga de existir alguém que nos conhece melhor do que nós próprios, é treta. Só nós sabemos quando estamos a omitir alguma coisa e com o sorriso mais confiante do mundo e a postura mais bonita que possa existir, afirmamos algo que não é verdade. Vem de nós. Fica connosco. E ser mulher infelizmente nos dias de hoje, nos de ontem e nos de amanhã, passa um bocado por isso. Manter uma bonita postura, ser o politicamente correto, e sorrir mesmo quando estamos a apodrecer por dentro. Que me perdoem os homens se lhes volto a ferir a susceptibilidade, mas nós mulheres todos os dias respiramos fundo antes de calçar os nossos sapatos, porque há coisas da nossa rotina que só nós mesmas sabemos.
Depois de pensar um bocado, e me terem vindo milhares de adjectivos de mim própria à cabeça, fosse desbocada , ausente, "cabeça na lua", senhora de seu nariz entre tantos outros, escolhi só dizer que era aspirante a confiante.
Em todo o lado uma mulher que fala demais, não se deixa ficar, fala mais alto que o namorado ou tem tanta expressividade como este, passa rapidamente para uma puta.
Então eu encaixei-me nas "putas" muito nova. Porque deixei o meu primeiro namorado na mão e preferi ir dançar em vez de estar com alguém que não compreendia que aceitar uma traição com um sorriso, era o mesmo que acordar morto para a vida todos os dias. Ou até porque criei um blog em que disse aquilo que muitas vezes as mulheres tem medo de admitir, que se envolvem com quem não gostam, magoam quem gostam e se arrependem de si mesmas. Engolem tudo porque é chato ficar no mesmo saco que as outras, porque as outras fizeram mal, nós foi sem querer. Fiquei com um rótulo porque escrevo e falo abertamente sobre os erros que se cometem numa relação, sem receio de abrir feridas ou criar tópicos sensíveis para os casais que me rodeiam. As feridas servem para se lamber, e quem se junta com outro alguém sem nunca ter cuidado delas, está destinado a criar uma ainda maior na pessoa que diz amar.
Deixei-me ficar no mesmo saco que as outras porque nunca me importei com aquilo que a maré pensava de mim. O meu namorado vê-me à cinco anos a chegar ao pé dele, e não há um único dia em que quando se vire e me ponha a vista em cima, não esboce um sorriso e mostre algum orgulho em andar comigo de mão dada na rua, mesmo que isso o ponha na prateleira de homem que não consegue ter mão na mulher que ama.
Os homens não precisam de ter as mulheres na mão, porque a realidade é que nunca as têm. É fictício. Um dia acordam com outros sonhos e batem a porta mais rápido do que aquelas que demoram mais tempo a responder às mensagens, ou se esquecem de avisar que foram para a noite com as melhores amigas.
Por isso mesmo, o meu namorado sempre disse "fazes bem" a todas as decisões que lhe contava, fosse a mais acertada ou a menos correta, porque no fim do dia, as pessoas tem de andar sozinhas para aprenderem os caminhos certos, mesmo que isso implique ter sempre o conforto da sombra de alguém atrás de nós.
Se fiquei com a fama de cabra por sempre me ter divertido, ter dançado até cair para o lado, por beber tanto como a pessoa a quem dou a mão, por nunca ter tido medo de dizer aquilo que penso, defender alguém que não merece defesa, ou nunca precisar de me justificar a quem não amo para ficar com cadastros limpos, então ser cabra é muito mais gratificante do que ser só uma menina de sorriso no rosto, sem opinião formada sobre aquilo que a rodeia.
Eu só sorrio a algumas pessoas. Um brinde ás cabras.



Comentários

  1. Os homens não precisam de ter as mulheres na mão, porque a realidade é que nunca as têm. É fictício. Um dia acordam com outros sonhos e batem a porta mais rápido do que aquelas que demoram mais tempo a responder às mensagens, ou se esquecem de avisar que foram para a noite com as melhores amigas.
    Por isso mesmo, o meu namorado sempre disse "fazes bem" a todas as decisões que lhe contava, fosse a mais acertada ou a menos correta, porque no fim do dia, as pessoas tem de andar sozinhas para aprenderem os caminhos certos, mesmo que isso implique ter sempre o conforto da sombra de alguém atrás de nós.
    Se fiquei com a fama de cabra por sempre me ter divertido, ter dançado até cair para o lado, por beber tanto como a pessoa a quem dou a mão, por nunca ter tido medo de dizer aquilo que penso, defender alguém que não merece defesa, ou nunca precisar de me justificar a quem não amo para ficar com cadastros limpos, então ser cabra é muito mais gratificante do que ser só uma menina de sorriso no rosto, sem opinião formada sobre aquilo que a rodeia.
    Eu só sorrio a algumas pessoas. Um brinde ás cabras.

    És grande

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  2. Dizes tudo aquilo que nós mulheres temos medo e não sabemos como dizê-lo.
    Como já te disseram "és grande" :)

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  3. Identifico-me tanto com aquilo que escreves! Keep going!

    http://lovechangeus.blogspot.com/

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  4. identifico-me de cada vez que aqui venho ler qualquer coisa. és incrível, nunca páres de escrever :)
    passa pelo meu blog, seria um privilégio.

    http://homeiswhereverimwithyou-a.blogspot.pt/

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  5. http://no-regrets-thisismylife.blogspot.pt/ - dá um saltinho!

    + uma vez... admiro-te!

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  6. Podes dar só uma vista de olhos? http://theadriananunes.blogspot.pt/?view=snapshot thanks :)

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  7. Volta a escrever, precisamos de textos teus! :)

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