Comer ou não comer, fica a questão.

Todos nós já fomos vítimas do nosso próprio desejo, ou do de outro alguém. Trair e ser traído faz parte da vida, não só em relações amorosas, mas como em todas aquelas que nos rodeiam. Dia-a-dia, temos milhares de relações à nossa volta. Umas mais visíveis que outras. Li uma vez no livro de Margarida Rebelo Pinto que "Não é fiel quem quer, é fiel quem pode". Corta-me o coração em sete pedaços, pensar que sobram poucos aqueles que realmente, se conseguem manter fiéis nem que seja a uma ideia. O meu professor de psicologia social, que hoje mandou três caralhadas na aula e que me meteu grande parte dela a "zombiar", disse hoje que é aqui no Algarve, que os jovens iniciam relações mais cedo. Meti-me a pensar, que eu e grande parte do meu grupo de amigas realmente encaixamos perfeitamente no molde de raparigas algarvias sendo assim. Cá em baixo, ao contrário lá de cima que tem muito que se fazer, as raparigas andam sempre á procura do grande amor que as vai fazer enlouquecer e querer dizer sempre, sempre. Acho que não se deve ao facto de só termos um centro comercial ou de não termos metro, acho que cresce com todas as raparigas que crescem ao pé do mar. Acreditamos sempre que as coisas vão melhorar e acalmar, tal e qual as marés. "Aprende que nada é para sempre", é a frase que um dia quando a minha mãe morrer, e bati na madeira tal e qual manda a tradição, vai-me fazer mais relembrar-me dela. Tinha quinze anos quando disse o primeiro "Amo-te" a alguém, o primeiro sentido acho. Obviamente que fazendo uma retrospecção das coisas sei que não sabia nada antes como sei agora, e que amanhã o meu agora vai ser motivo de riso, e sinceramente estou à vontade com isso, como tudo aquilo que é natural em mim.  Conheço-me bem, e só por aí já estou em vantagem.

Agora, pensando e repensando naquilo que me levou a escrever o texto de hoje, o professor de psicologia esqueceu-se de dizer que por vezes, para alguém novo começar numa relação, teve que partir outra, e consequentemente quebrar futuras que nunca vão acontecer. É uma escolha difícil de se fazer, que só nos apercebemos quando a relação já tem os seus anos no cu, as pessoas que nos passaram ao lado. As raparigas do algarve são tão apaixonadas por a paixão, tão cheias de amor para dar e vender, tão sofredoras por o rapaz que lhe mande a mensagem ás nove da manhã, que matam por amor. Matam o respeito, o valor, o aconchego, o querer, o calor, a normalidade que deveria vir como imposto em todos os inícios de uma relação. Não deve haver nada mais bonito do que ser normal com a pessoa que se gosta. Sempre disse, nunca vou encolher a barriga para o homem que amo. O professor esqueceu-se também de dizer então, que se somos o sítio que mais relações jovens temos, mais gravidezes na adolescência, e mais corações partidos, então a traição deve andar por aí também não? Incrivelmente deveria pedir ao professor para realizar um estudo social sobre relações extraconjugais que se realizam na baixa de Faro. Acho que ia ser interessantíssimo ver a quantidade de gente que se come e troca saliva, e ao mesmo tempo diz "amo-te" a outro alguém, que nesse mesmo momento não é o parceiro da troca de bactérias. E esta professor? Pior ainda! Dizer "Tenho saudades tuas." Alguém sabe a dimensão dessas palavras? Saudade só existe na nossa língua. Deve ter sido inventada no Algarve visto que nós mulheres algarvias, temos um jeito incansável de sofrer por homens e daí, vir a saudade. Não se diz que se tem saudades a um rapazinho qualquer emproado que nos dá conversa numa noite e depois já não. Não se diz que se tem saudades ao namorado de outra. Não se diz "Tenho saudades tuas" a um amigo virtual que nos faz bater o coração mais rápido quando recebemos uma mensagem, e que na realidade não existe. Eu pelo menos nunca vi. Come-se ou não se come? "Não faças aos outros o que não gostas que te façam a ti" ? Não confundam, todos nós olhamos com olhos de comer para pessoas lindas e diferentes que nos passam à frente, mas e daí? Comam com os olhos. Comer é com a boca, e deve ser limitado e restrito. Admiro todas as mulheres que conseguem estar com um homem que já comeu outra, com a pila ou com a boca não sei. Admiro da mesma maneira que admiro todos aqueles que se metem num tanque com tubarões. Admiro, mas não recomendo. Não se comam. Olhem-se.

Comentários

  1. Adorei e identifico-me :) também sou Algarvia e concordo com tudo. Escreves tão bem!
    beijinhos*

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  2. Talvez me tenha apaixonado por um texto...=.=

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