A verdade sobre o amor.

Desde que compreendi que a minha melhor forma de me expressar e de me fazer entender era através da escrita, e aquilo que mais "vinha com a minha cara" era falar sobre relações, e sobre o amor que liga as pessoas umas ás outras, tenho andado ultimamente numa luta incrível sobre compreender a verdade atrás daquilo que todos procuramos. O amor.
Depois de ter tido uma relação de quatro anos bem sucedida, em que apesar de todos os "ses" e os "senão" que vão aparecendo ao longo do tempo, e ter enfrentado um fim doloroso que me fez defensiva em acreditar em relações verdadeiras e puras, coloquei-me a mim própria numa posição de espectadora de todas as relações que me rodeavam.  Durante estes últimos dois meses, a minha vida deu uma volta tão grande, que ao ficar de fora e a rever-me a mim mesma a andar dum lado para o outro, com a chave da casa do meu namorado no meu porta-chaves, a sentir que tinha duas famílias, e a realizar planos em conjunto sem saber o dia de amanhã, não me consigo rever em mim mesma. Sou eu, o meu corpo, a minha voz, o meu cabelo mal apanhado e a minha maquilhagem mal espalhada, mas não sou eu dentro de mim. E isso é uma das verdades do amor. Sujeitarmos-nos àquilo que nos parece correcto, porque na altura estamos apaixonados. Durante muito tempo encarnei uma pessoa que de facto, não era eu. Ouvi muita coisa, dei-me com pessoas muito abaixo daquilo que considero os critérios necessários para se ter uma relação comigo, falei muito, e dei confiança demais a muita gente. Na minha cabeça de miúda apaixonada, faria tudo aquilo que fosse necessário para um dia mais tarde, ter uma vida calma e plena ao lado daquele que ainda hoje acho ser, o homem da minha vida. Tenho tido fases. E essa é outra das verdade do amor que ninguém nos conta. Contam-nos a merda da história da bela adormecida que é acordada por um príncipe, ou da Bela que se apaixona por um monstro e mais tarde ele vira naquilo que ela sempre sonhou. Ninguém nos vem acordar, e a Bela é uma atrasada mental porque se nos juntamos com um monstro, a probabilidade de ele virar um príncipe é tão pequena como a de ganharmos o euromilhões. O amor tem fases. Temos a fase dos primeiros tempos em que a imagem da pessoa que gostamos a dormir ao nosso lado de boca aberta e com mau aspecto, é quase tão apaixonante como dois bilhetes de ida e volta a Roma. Temos as fases menos felizes, em que nos perguntamos a nós próprios o "Porquê de aqui estarmos". Temos más fases. Em que achamos que o que nos liga à pessoa é apenas a rotina. Tirem essa ideia da cabeça. Ninguém faz uma rotina e dá-se bem com alguém que não gosta. Uma rotina só pode existir quando na realidade, houve amor para a construir. Eu e o Luís tínhamos uma já feita durante quatro anos. Não passávamos mais de dois dias separados (excepcionalmente em dias em que tinha mesmo de ser), cada um tinha grande parte do dia para fazer as suas coisas e estar com os seus amigos, mas o fim-da-tarde, as noites e as manhãs costumavam ser nossas. E dávamo-nos bem assim. De uma forma excepcional e equilibrada. Quando a minha relação tombou num enredo de mentiras, e a maior parte das pessoas ainda não compreendia aquilo que se passava, perguntavam-me se tinha sido devido à rotina. Outra verdade sobre o amor. A rotina é boa. Não há nada melhor do que construir uma rotina ao lado de uma pessoa. E com isto não digo ficarem 4h à frente da televisão, 20m a fazerem sexo, e o restante tempo no computador. Mas construir aquilo que nos completa com outra pessoa, é uma das muitas etapas para uma boa e saudavel relação. As rotinas não acabam com relações, o que acaba com elas é a falta de paciência que as pessoas têm para lutar umas pelas outras. Sendo eu uma romântica incurável e perdidamente apaixonada, arranjo sempre maneira de lutar por aquilo que acho ser meu. É o que tenho feito nestes últimos tempos. Outra verdade sobre o amor. Não vai ser sempre um mar de rosas. Afrodite vai-nos pôr testes à frente da cara, vai-nos deliciar com belas tardes de praia e noites de cinema, noites de loucura e noites de amor, para no fim nos dar o derradeiro teste final. Eu compreendo-a, deve ser uma seca ver sempre tudo bem. Ela fez isso comigo, e sinceramente, acho que gosta de mim. Deu-me milhares de oportunidades, milhares de hipóteses, até que me disse que eu ia aprender por mim própria, aquilo que me tentava ensinar faz já tanto tempo. Lutar por aquilo que é nosso. Compreender que nada do que é bom e suficiente, vem numa noite qualquer com álcool à mistura, e permanece eternamente para um dia ser uma história de contar à mesa. Não. Faz parte de nós, dos nossos sonhos, e da nossa maneira de ser, mas mais tarde ou mais cedo, todos temos que compreender que em certos momentos da nossa vida, vamos ter que lutar para ficarmos bem. As pessoas por norma, odeiam ver-se uns aos outros bem. É uma lembrança constante do que lhes falta na vida, e assim que se abre uma racha, é para confiar, vão ser poucos os que a vão tentar fechar.
Depois de ter sido colocada na prateleira de traidora, de o meu nome ter andando em histórias que sinceramente eu nem as sei metade, e de ter reunido todas as provas que são possíveis no Século XXI para mostrar a minha inocência face a diversos factos, compreendi que não era aos outros que tentava mostrar alguma coisa, era a mim própria. Outra verdade do amor. Ninguém pode calar a boca ao mundo. E uma ainda melhor, não acreditar na frase mais comum de todos aqueles que habitam ou coa-habitam em Faro. "O que é que ele/a ia ganhar com isso?". Os prémios pessoais de cada um, é algo que ainda não me arrisco a escrever, por tão perverso e doentio que possa ser. Outra verdade sobre o amor que também não soa bem, porque ninguém ama sozinho, mas sempre aos pares. Nós nunca conhecemos outra pessoa verdadeiramente bem.Aquilo que vai dentro da cabeça de cada um, dentro do coração, ou só na vontade do próprio dia, cabe unicamente a uma pessoa. A ela. Eu se quiser escrever sobre histórias que nunca aconteceram, escrevo. Faço-me ouvir. Há quem acredite e quem se deixe ficar. É isso que também distingue os futuros sucessos no ramo do amor. Aqueles que se deixam ficar, em vez de irem na maré com o resto das pessoas. Confiem em mim, a maré comum está sobre-lotada, sem piada e sem nada para dar. Construirmos o nosso barco e andarmos nós na nossa própria onda, é o que nos mete a estrela na testa. As pessoas são doentes. E aí está a verdade sobre o amor. Conjugar o demónio e o anjo de cada um, de forma a que se encaixe naquela pessoa que pensamos ser o nosso futuro.
Outra verdade, não vamos amar quem amamos todos os dias. Vão haver dias péssimos, dias em que queremos ir embora com uma garrafa de wisky dentro da mala e estar com o próximo homem/mulher que nos aparecer na esquina. Vão haver dias em que vamos estar incluídos em histórias da carochinha, que apenas nos tornando amigos do tempo e apreciar aquilo que ele nos tem para dar, vamos conseguir dar seguimento ás coisas. O velho ditado da "Verdade vir sempre ao de cima", é outra mentira sobre o amor. A verdade está dentro de cada um, e apenas que já se tenha inventado uma máquina que nos corte ao meio e nos tire aquilo que sabemos, então a verdade está só aos olhos de quem a viu. O amor não é bonito. Na maior parte dos dias é feio, magoa-nos, dá-nos vontade de arranhar paredes e arrancar aquilo que temos atravessado na garganta. O amor é como uma mulher. Vai ter dias excepcionais, em que vai saber conjugar os sapatos com os acessórios do cabelo,e  vai ter dias péssimos.. em que o humor está descontrolado e a cara parece ter sido atropelada por um camião.
Não há melhor forma de amar, do que compreender o amor. E como o podemos compreender? É fácil. Não há compreensão possível. O amor varia de pessoa para pessoa, de cabeça para cabeça, e de vontade para vontade. Há quem ame sem fim, há quem ame durante pouco tempo. Há quem traia, há quem se recuse a trair. Há quem acredite que as coisas duram para sempre, há quem ache que a Disney está fora de moda.
A verdade sobre o amor: É instável. Então construam bases fortes, aprendam a conhecer quem têm ao vosso lado, sejam egoístas. Concentrem-se em vocês e só em vocês e nas vossas relações. Cresçam ao lado de alguém. Aprendam que para algo funcionar, é preciso dar ao pedal, todos os dias. Nada sobrevive só com beijos e festas.
Um beijo. Um bom Setembro!


Comentários

  1. "As pessoas por norma, odeiam ver-se uns aos outros bem." É por isso que tenho poucos amigos e que não confio em ninguém. A maioria das pessoas adora inventar coisas sobre os outros para serem o centro das atenções quando as estão a contar ou para se sentirem superiores. Há pessoas simplesmente doentes...

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  2. Só quero que saibas que o teu blog é a minha bíblia a partir de agora. Não por necessitar, mas tens uma escrita fenomenal e acabo por concordar em tudo contigo. Admiro-te e nem te conheço, que proeza fizeste tu

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  3. Compreendo-te tão bem, já estive no papel da traidora tal como tu, felizmente não durou muito e após ter apresentado as ditas "provas que são possíveis no Século XXI" a pessoa que teve a infeliz ideia de começar tal boato entregou-se e acabou tudo em bem :)
    Adoro o que escreves e identifico-me e concordo com praticamente tudo! Sinceramente não sei como nunca encontrei o teu blog antes. Como diz o/a Ghost Writer "admiro-te e nem te conheço".

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  4. A frase "Cresçam ao lado de alguém. Aprendam que para algo funcionar, é preciso dar ao pedal, todos os dias. Nada sobrevive só com beijos e festas." é qualquer coisa fenomenal!

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  5. Sendo uma rapariga de Faro tenho a dizer que a imagem do Faroeste está qualquer coisa de especial. Mais um grande texto, parabéns.

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