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A espera.

Às vezes, ainda me recordo das palavras da minha avó ao ouvido: "É um dom sabes, esse das palavras. Esse da facilidade em dizer aquilo que vai cá dentro. Não somos todos assim."  O tempo passou e eu realmente comecei a compreender que a facilidade nem sempre se traduz na pacificidade da vida, nem dos momentos, nem sequer na compreensão que as pessoas mostram ter, por muito articulada que sejas. Nós lemos aquilo que queremos ouvir, ou não é assim? Alguém me partiu o coração, então eu transformei a dor em palavras, e servi a refeição a quem a quisesse comer. Implacável para alguns, pouco inteligente para outros; mas o que eu queria mesmo era poder cuspir as palavras que nunca gritei. Dizem que é uma das formas mais lentas de se morrer; e eu gosto de estar viva. Gosto muito. De saber que sou minha e que vou ser eu a encerrar o espetáculo. Ninguém vai falar por mim, nunca serei conhecida por ser alguém de alguém; "Deixa-me pelo menos aqui, na minha vida, ser eu a minha perso

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